11 de fevereiro de 2015

Cobras de estimação

Como temos visto, as cobras tornaram-se animais de estimação populares. Muitas vezes passam a ideia correcta que não são animais assim tão fáceis pelos requisitos que precisam, mas por vezes também passam a ideia errada de que as cobras são muito dóceis e que não há perigos envolventes, o que não é verdade. Antes de adquirir uma cobra deve estar bem informado de o que o espera e impor desde logo regras para evitar acidentes ou más experiências.
Muitas vezes, ao se tentar mudar a impressão sobre estes animais, atinge-se o extremo oposto da impressão passada para quem não conhece: de que são um sonho de animal, o melhor animal de estimação, com escamas brilhantes, cores lindas e temperamentos fantásticos, quando não é de todo isso.
Temos o caso da higiene, que é básico a todos os animais, mas que é sempre bom lembrar: não devemos usar utensílios comuns ao nosso dia a dia, devemos ter especialmente e exclusivamente acessórios de limpeza para limpar os terrários e recipientes para água. Os répteis podem transmitir salmonelas, dai ser essencial lavar sempre as mãos após manusear o animal ou o terrário, logo o conceito de higiene deve ser respeitado (regra a não quebrar). As mãos devem ser sempre lavadas antes de manusear para não contaminarmos o animal, principalmente em crias que são menos resistentes a nível imunitário, e depois de manusearmos o animal como nossa prevenção. Quem tem múltiplos animais também deve fazê-lo entre o manuseio de cada um.
Também como questão de segurança, não convém mexer em alimento e ir colocar a mão dentro do terrário. Devido ao bom olfacto das nossas cobras e à temperatura da nossa mãos, podemos ter uma má experiência e até magoar o animal. É provável que, confundindo a nossa mão com alimento, morda e segure a suposta presa – pode até nem ser uma muito má experiência para nós, mas será muito stressante para a cobra.
Também não devemos confiar demasiado nos nossas cobras. Enquanto pequenas não nos provocam dano numa dentada, mas em adultas e em certos pontos do nosso corpo, pode doer mais e transmitir bactérias que estão presentes nos dentes da cobra, além de que uma dentada é uma dentada, nunca é agradável. Por isso, uma das regras básicas é nunca dar espaço de manobra a uma serpente aproximando-a do nosso rosto… elas não são gatinhos nem cachorrinhos, dispensam bem os nossos beijinhos.
Muitas cobras também só mostram agressividade como arma de defesa, quando lhes invadimos o território para as retirarmos e manusear, ou para mudarmos a água e fazermos a manutenção rotineira do terrário. Geralmente quando lhes pegamos, que deve ser feito com gestos precisos e sem excitações, uma vez nas nossas mãos as coitadas, desprovidas de pés e mãos, ficam mais preocupadas em arranjar pontos de apoio para não cair, do que em defender-se mordendo. As cobras não devem ser agarradas. Devemos apenas conduzi-las com as mãos e deixá-las deslizar pelas mãos, sempre sem gestos bruscos da nossa parte.
Geralmente as serpentes são mais ariscas enquanto crias, pois só assim se desenrascariam na vida selvagem que nos primeiros tempos seriam presas de todos os pequenos predadores. Logo, para elas, tudo o que é maior que vai atacá-las e possivelmente comê-las, e nós estamos nesse grupo.
Crescendo com o correcto manuseio e respeito da nossa parte, as cobras aprenderão a confiar em nós e muito raramente se defendem, pois deixamos de ser um perigo aos olhos delas se não forem provocadas a extremos, ou não cometermos nenhum erro relacionado com os concelhos já dados acima.
A nível de manuseamento também podemos usar acessórios, como pequenos ganchos, que podem ser improvisados ou mesmo ganchos profissionais. A vantagem dos ganchos, para além de evitarmos o stress da cobra com a agressividade de uma mão enorme a invadir o terrário para a agarrar, é o cabo comprido que evita tanta aproximação, e assim elas deixam calmamente ser retiradas do terrário – levantando-as pelo meio, com calma e levando-as até à nossa outra mão onde as pousamos. Deste modo não ficam tão agitadas no início do manuseio.
Já agora, podemos ver que até gente muito experiente (e muitas vezes é quem está mais à vontade com a experiência, que permite aos acidentes acontecerem) também comete erros. 
Portanto o essencial é ter noção de todos estes factores antes de decidir ter um animal destes em casa. Ter em conta factores como a presença de crianças em casa que muitas vezes batem no vidro, fazem barulho e stressam os animais, assim como a sua disponibilidade, uma vez que estes animais muitas vezes se alimentam de alimento vivo e requerem manutenção que deve ser feita pelo menor numero de pessoas diferentes possível.

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