29 de março de 2015

Vómitos em gatos

O assunto pode parecer desagradável, mas os vómitos são tão comuns em gatos que merecem uma atenção especial.
Vomito ou emese é a expulsão activa de conteúdo estomacal ou da porção inicial do intestino delgado com ou sem a presença de bílis, aquele líquido amarelo-esverdeado frequentemente encontrado pelos proprietários de gatos. Os movimentos que antecedem essa expulsão são muitas vezes intensos, onde o gato emite sons altos, estica o pescoço para frente e abre bastante a boca. Algumas vezes o gato apresenta salivação intensa antes ou depois do vómito, uma característica típica de náusea.
O que é de fundamental importância para o veterinário é saber se o gato apresenta vómitos ou regurgitação. De uma maneira geral a regurgitação é um processo praticamente passivo, sem grandes esforços, sem náusea e que costuma ocorrer logo após a ingestão de alimento ou água. Quando um gato regurgita praticamente não se incomoda, como se o conteúdo saísse pela boca naturalmente e o conteúdo é quase sempre alimento não digerido do formato do esófago (tubular).

TIPOS DE VÓMITO

O vómito varia de acordo com seu conteúdo, que pode ser:
- alimentar: geralmente de coloração acastanhada, devido à presença de ração digerida;
Vómito com ração não digerida
- biliar: coloração amarelo-esverdeada. A presença de bílis no vómito geralmente indica que não há mais conteúdo alimentar para ser expelido e é um sinal também de que não há obstrução à saída do estômago;
Vómito com bilis
- pelos: consistência muito firme e com o formato de uma pequena linguiça. A presença de pelos no estômago é chamada de tricobezoar ou  a famosa “bola” de pelos e é mais comum nos animais de pelo longo. Gatos se lambem bastante, o que os faz engolir muitos pelos. Esses ficam acumulados no estômago até que o gato consiga expeli-lo.
Tricobezoar
- hematêmese (vómito com sangue): líquido ou pastoso com variação de coloração que vai desde fios de sangue até um vermelho intenso, bem escuro. Esse tipo de vómito é pouco comum nos gatos e pode estar associado desde uma gastrite ou envenenamento (p.ex. veneno de rato);
- fecal: fezes podem sair juntamente com o vómito embora seja extremamente raro em gatos. Quando esse sintoma ocorre é indicação de algum tipo de obstrução grave no trato gastrointestinal e deve ser tratado como emergência.

CAUSAS

São diversas as causas de vómitos nos gatos. De entre as doenças directamente relacionadas com o trato gastrointestinal encontram-se a doença intestinal inflamatória, intolerância/alergia alimentar, gastrite, linfoma, obstipação (quando o gato não consegue evacuar), obstrução por corpo-estranho e parasitas intestinais ou gástricos.
Outras causas de vómitos, mas que não estão directamente relacionadas com o trato gastrointestinal são: diabeteshipertiroidismo, doença renal crónica ou aguda, obstrução da uretra (machos), doenças do fígado (p.ex. lipidose hepática), pancreatite, intoxicação por plantas, veneno ou medicamentos, dor acentuada em qualquer local, peritonite e distúrbios neurológicos.

DIAGNÓSTICO

Devido à imensa lista de causas de vómitos o veterinário baseia-se, por exemplo, na história clínica, antecedentes do gato e exame físico durante a consulta. Quanto maior o número de informações, melhor!
Após seguir uma linha de raciocínio é possível que o veterinário peça alguns exames para auxiliar, como dosagens hormonais, hemograma, funções renais e hepáticas, exame de urina e de imagem, como raios-x e ECO. Entretanto outros exames podem ser adicionados de acordo com a suspeita clínica.

TRATAMENTO

Existem no mercado diversos medicamentos bastante efectivos contra o vomito e a náusea, porém é preciso tratar a causa do vómito, assim como suas consequências, como a desidratação, através da reposição de fluido por via subcutânea ou intravenosa. Muitas vezes o gato apresenta fraqueza pelo excesso de vómitos e isso se deve à perda de electrólitos, que devem ser repostos juntamente com o soro. Além disso, é preciso tratar os sintomas associados ao vómito, como a diarreia e falta de apetite.
Para “bolas” de pelos é possível oferecer diversos produtos que ajudam a minimizar este problema, mas só devem ser utilizados após recomendação veterinária.

QUANDO PROCURAR AJUDA MÉDICA

Um gato saudável pode apresentar vómitos esporádicos sem que isso comprometa sua saúde, mas quando a frequência aumenta é hora de procurar ajuda. Não é normal, por exemplo, um vómito por semana, muito menos todos os dias.
Vómitos com sangue ou fezes devem ser considerados sempre uma emergência, por isso o gato deve ser levado imediatamente ao veterinário.
Como descrito acima o vómito pode ser consequência de intoxicações medicamentosas, por isso é muito importante não dar nenhum medicamento sem prescrição veterinária.

22 de março de 2015

Castrar ou não castrar?

Por mais que deixe de produzir testosterona, hormona que actua nos caracteres secundários masculinos, o macho não vai sofrer de amnésia selectiva.
Em alguns casos a castração pode resolver, quando o aspecto hormonal tem influência no comportamento.
Campanha a favor da castração
No caso de um animal novo não tendo descoberto os sinais sexuais na puberdade ou até num animal não tão novo, mas com o carácter bastante submisso, infelizmente medroso, com um comportamento consequentemente menos definido ou firmado, o simples desaparecimento da testosterona aos poucos elimina o comportamento de marcação territorial.

Foto de um cão castrado
Agora se ele marcar por razões de stress ou por submissão e/ou agitação, a influência hormonal geralmente é próxima do zero, outra razão pela qual a castração está longe de resolver todos os casos de marcação.
Sem falar de razões patológicas que podem provocar ou favorecer as marcações como, por exemplo, infecções urinárias, doenças endócrinas e alterações digestivas. Daí a importância de uma consulta geral e alguns exames de sangue e de urina do seu animal, se for o caso.
É claro que nesses casos patológicos a castração não deve ajudar também.
A monta assexuada ou aparente da parte de machos noutros outros, por liderança ou dominância, também não deve desaparecer somente com a castração, pois não é ligada à sexualidade, nem somente à produção de hormonas, mas sim a tentativa de auto afirmação hierárquica.

Sutura de uma castração
Somente nos casos de animais novos ou de temperamento muito submisso, medroso, a castração pode surtir efeitos. Embora nos casos de animais muito submissos tal comportamento é muito raro ou nunca aparece.
Nos dois casos, marcação ou monta assexuada, a educação e o controle da parte dos tutores são os meios mais eficientes de evitar, reduzir e eliminar esses comportamentos.
Sou a favor da castração por razões medicinais ou de controle de natalidade, não como solução milagrosa a comportamentos indesejados.

Imagem que mostra o numero de filhos que um casal produz em 10 anos
Alguém iria castrar o seu filho humano quando, no inicio da adolescência, começa a delimitar e controlar o acesso do seu quarto e pertences ou a disputar com colegas eventual autoridade, capacidade ou hierarquia nos grupos que frequenta?
Não seria mais lógico, natural e eficiente educá-lo e ensiná-lo limites e autocontrole desde sempre?
Isto é uma questão complicada e não tomamos partido sobre nenhum dos lados, porque ambos (castrar ou não castrar) têm os seus argumentos e a sua razão. O objectivo deste post é que as pessoas pesem e reflictam sobre o assunto e tomem, consoante os seus princípios, a decisão que achem mais sensata. 

18 de março de 2015

Gatos Vesgos

Os gatos vesgos são famosos pela internet pelo seu ar adorável e "pateta", as na verdade o que é ser vesgo? tem influencia na visão dos animais? O "vesgo" é na verdade estrabismo, que é outro nome para olhos que se fixam na posição errada. Astigmatismo é outro termo para um problema de visão no qual o gato não ve de maneira acurada. Gatos estrábicos têm problemas na percepção de profundidade e outras desordens oftalmológicas, pois todos os gatos com estrabismo têm astigmatismo, mas nem todos que sofrem de astigmatismo são estrábicos.


 Causas
Existem várias causas para o estrabismo em felinos. A mais comum ocorre devido a defeitos genéticos dos olhos. Mas outras condições potencialmente letais, tais como encefalite, lesões nos olhos ou no cérebro, vírus da leucemia felina e câncer, podem fazer com que os olhos do gato cruzem. A posição resultante do olho pode fazer com que o gato tropece em objectos e fique com medo de se movimentar.
Raças
Algumas raças de gato têm predisposição para estrabismo e astigmatismo, mas a siamesa parece ter sido a primeira a manifestá-la. Qualquer raça com a qual a siamesa desempenhou um papel importante no plantel original pode ser propensa a essas condições. Essas linhagens incluem o gato himalaio, o tailandês, o toquinês, o balinês, o ragdoll e o colorpoint de pelo curto. De acordo com o veterinário Dr. John McDonnell, os indivíduos de uma cor da raça persa, o flame e o red point, também tendem a ter os olhos cruzados. Gatos albinos também pode tender ao estrabismo.


Tipos
Há dois tipos de estrabismo em felinos — divergente e convergente. No estrabismo divergente, os olhos são virados de maneira anormal, como se estivessem tentando olhar para os lados, para baixo ou para cima de um objecto. Já no caso do convergente, as pupilas possuem um olhar cruzado mais comum, no qual elas são fixas próximas ao nariz. Outro nome para o estrabismo convergente é estrabismo medial.
Cronograma
Estrabismo e astigmatismo podem acontecer a qualquer momento da vida de um gato, dependendo da causa. Mesmo que a causa seja genética, os olhos cruzados podem se manifestar no nascimento ou durante o desenvolvimento e maturação do cérebro ou dos músculos do olho. Isso pode acontecer com os dois ou em apenas um olho.

Tratamento

Se a causa do estrabismo e do astigmatismo for a genética do animal, então não há cura. Esses gatos devem ser castrados, de modo a não transmitir o gene aos herdeiros. Mas, se o estrabismo ocorre devido a uma condição médica subjacente, então o tratamento dessa condição deve permitir que os olhos voltem para uma posição normal.

16 de março de 2015

Visão gatos

A visão é um dos sentidos mais importante para nós, assim também o é para os gatos. Apesar de ter muitas características diferentes da visão do homem, é igualmente uma visão frontal, contrariamente aos coelhos que possuem uma visão lateral.

Os gatos têm uma visão de 200 graus, amplamente superior à do ser humano, e o seu eixo de visão é também bastante diferente do nosso. Os pequenos felinos visualizam maioritariamente a parte inferior das coisas, os pés das cadeiras, das mesas e dos seres humanos. Para eles tudo é gigante. Este é um dos motivos porque os pequenos felinos adoram alturas e de trepar tudo para ficarem com uma perspectiva mais semelhante à do homem.
Os gatos não conseguem ver a menos de 20cm de distância, por isso eles retiram a comida do prato e comem-na a uma certa distância. Contrariamente ao ser humano, os pequenos felinos levam a boca á comida e não a comida à boca.
Na prática eles ajustam a comida a uma distância que consigam ver e depois agarram-na às cegas, apenas guiados pelo olfacto.

Felizmente o seu cérebro compensa esta falta de visão a curta distância com uma precisão invulgar.
Ao contrário da visão do ser humano, a visão dos gatos funciona como uma lente de uma máquina fotográfica. Quando o objecto focado é pequeno e está distante a visão do gato consegue fazer zoom e aproximar o objecto dando-lhe definição.

Em termos de cores os pequenos felinos conseguem distinguir sem qualquer problema, mas o que lhes prende a atenção é o movimento. Se não tiver movimento certamente que tentará que se mexa dando-lhe pequenos toques com as patas.

15 de março de 2015

Tarântula - novo animal de estimação.

Hoje em dia é cada vez mais comum encontrar tarântulas como animais de estimação, adquirindo-as em lojas de animas ou até mesmo pela Internet. Se nunca tratou de nenhuma tarântula anteriormente ou não possui experiência com estas, deve ter em conta algumas questões antes de adquirir uma, tais como:

1. Qual a espécie da tarântula?

É muito importante saber qual a espécie da tarântula que vamos comprar, uma vez que existem cerca de 850 espécies (terrestres e arborícolas). Assim pode pesquisar mais sobre a espécie em causa, antes de a adquirir, para ser capaz de lhe proporcionar todas as condições necessárias.

2. Onde a colocar?

As tarântulas, no geral, não necessitam de grandes espaço para viver. Podemos utilizar desde pequenos terrários de plástico (faunariuns) a terrários de vidro. Estes últimos na minha opinião são os melhores uma vês que são fáceis de limpar. O vidro não fica amarelo com o passar do tempo, não se risca e é muito mais pesado que os de plástico, dando assim mais estabilidade e segurança. O inconveniente dos terrários de vidro é que estes são mais dispendiosos que os de plástico.
O terrário deve-se localizar num local onde a luz do sol não incida directamente, pois pode interferir na saúde do nosso animal, já que estes são nocturnos.
Os terrários também variam consoante a espécie da tarântula. Se se tratar de uma tarântula arborícola o terrário deve ser alto, com ramos para a tarântula poder subir e fazer a sua teia. Se for uma tarântula terrestre, o terrário deve ser espaçoso, ou seja baixo, para evitar que a tarântula suba e haja uma eventual queda, podendo causar ferimentos no animal.
Tarântula de joelho vermelho mexicana (Brachypelma smithi)
TARÂNTULA DE JOELHO VERMELHO MEXICANA (BRACHYPELMA SMITHI)
FOTOGRAFIA: WIKIMEDIA COMMONS













3. Que substrato usar?

É importante que a tarântula tenha um bom solo, ou seja um bom substrato.
Existem vários tipos de substrato a venda, tais como vermiculite, turfa, perlite, fibra de coco, cascas de madeira, entre outros. Qualquer um destes é bastante bom pois conservam bem a humidade.
Para as tarântula arborícolas não é necessário colocar muito substrato, já que estas geralmente se encontram nas partes mais altas do terrário, onde costumam fazer os seus ninhos. Contudo, nas espécies terrestre existe a necessidade de colocar uma grande quantidade de substrato (entre 2 a 15 centímetros), dependendo de a espécie ser apenas terrestre ou se também gosta de cavar as suas próprias tocas.

4. As tarântulas precisam de luz?

As tarântulas devem ser colocadas num local onde apanhem a luz do dia, mas nunca directamente. Não necessitam de qualquer tipo de luz artificial (lâmpadas) uma vês que estas são animais completamente nocturnos.

5. Qual a temperatura adequada?

As tarântulas são animais de sangue frio. Assim sendo, devemos proporcionar-lhes uma temperatura óptima.
Dependendo das espécies, as temperaturas nocturnas podem oscilar entre os 18 e os 24 ºC, enquanto que as diurnas podem encontrar-se entre os 24 e os 33 ºC. Como regra geral, podemos dizer que a temperatura nocturna deve-se manter entre os 20 e os 22 ºC e a diurna entre os 24 e os 27 ºC.
Existem vários sistemas de aquecimento, como os fios de aquecimento, mantas de aquecimento, lâmpadas de aquecimento ou pedras de aquecimento, que pode utilizar para regular a temperatura dentro do terrário.

6. Qual a humidade adequada?

As tarântulas provêm de países de onde a humidade relativa durante a noite é bastante elevada. Assim existe a necessidade de lhe proporcionar um ambiente o mais semelhante possível ao de origem.
Para o conseguir, basta colocar um bebedouro com água e, com um pulverizador, borrifar de forma periódica o substrato do terrário. A humidade necessária varia de espécie para espécie. Adquirir um higrómetro poderá ser uma preciosa ajuda, podendo encontra-lo numa loja de animais.

7. O que comem as tarântulas?

As tarântulas são predadores e como tal, apenas comem alimento vivo.
A dieta da sua tarântula de estimação deve ser variada, alternando entre grilos, baratas, tenébrio, gafanhotos, entre outros. As tarântulas aguentam algum tempo sem comer, mas não sem beber, sendo necessário ter em permanência no terrário um recipiente com água limpa e fresca.

Os terrários

Terrários para tarântulas
TERRÁRIOS PARA TARÂNTULAS
FOTOGRAFIA: ANGELLPETS.COM
Quando se esta a pensar em comprar um terrário para a tarântula, bem como na decoração do mesmo, a primeira coisa que se deve fazer é conhecer as características e necessidades do animal em concreto. O objetivo é criar um habitat o mais parecido possível ao seu habitat na natureza.
Para recriar esse ambiente, o mais aconselhável é utilizar um terrário rectangular de vidro ou de plástico – de preferência o de vidro, pois os de plástico com o decorrer do tempo vão ficando amarelos (envelhecimento do plástico) e riscam-se muito mais facilmente.
O terrário ideal para uma tarântula terrestre, depende tanto da espécie como da idade do exemplar. O mais habitual é utilizar um terrário de 25 x 20 x 20 centímetros. Um terrário um pouco maior, com cerca de 45 x 40 x 30 centímetros, torna-se mais fácil de decorar, mas devido ás suas dimensões pode dificultar a caça à tarântula, e a tarântula não irá utilizar todo esse espaço, podendo vir a percorrê-lo mas não diariamente.
Se se tratar de uma espécie arborícola, o terrário devera ser mais alto que largo, já que fazem os seus “ninhos” nas alturas. Um terrário com 30 x 30 x 45 centímetros será o suficiente para uma espécie adulta.
Todos os terrários devem ter ventilação, isto é muito importante.
Outro dos aspectos também muito importantes quando se esta a montar um terrário éo substrato. Quando queremos escolher o substrato, temos que ter em conta a espécie.
Se for uma tarântula terrestre, o mais indicado é terra comercial – mas é preciso ter muita atenção com este tipo de terra, pois não pode conter qualquer tipo de químicos (eu geralmente compro uns saquinhos em que já vem tudo esterilizado). Caso pretenda uma solução mais económica, como apanhar terra num campo, aconselho a ferver bem essa terra para matar todo o tipo de ácaros que possam existir nela, antes de a colocar à disposição da tarântula.
Uma pequena camada de substrato de dois a três centímetros serão suficientes, mas mais uma vez destaco a grande importância de conhecer bem as características da espécie de tarântula que escolhemos – temos por exemplo uma tarântula bastante conhecida, a Aphonopelma seemanni, que pode precisar de até dez centímetros de substrato, uma vez que cava covas bastante profundas.
Relativamente á decoração, isso depende do gosto de cada um, desde que seja o mais parecido com o habitat da nossa espécie. Existem várias coisas à venda para decoração de terrários (desde plantas artificiais a paus e pedras). Pessoalmente recolho tudo da natureza para que seja o mais idêntico possível, mas antes de colocar qualquer coisa que seja perto da tarântula, fervo tudo para evitar parasitas.

Manusear uma tarântula

Tarântula de patas vermelhas mexicana (Brachypelma emilia)
TARÂNTULA DE PATAS VERMELHAS MEXICANA (BRACHYPELMA EMILIA)
FOTOGRAFIA: THINGSBIOLOGICAL.WORDPRESS.COM
Quando pensamos em pegar numa tarântula, existem dois aspectos bastante importantes em que temos devemos ter atenção. O primeiro é que o seu abdómen é muito delicado, temos que ter bastante cuidado para não a aleijar. O segundo aspecto é reduzir ao mínimo o perigo de uma possível mordidela.
Assim sendo existem três métodos (os mais seguros) para manusear uma tarântula.

1º Método

Este método consiste em colocar uma pequena caixa transparente (pode-se usar até mesmo um copo grande) sobre a tarântula e depois deslizar com cuidado um pequeno cartão ou plástico por debaixo da caixa. A tarântula colocar-se-à em cima desse cartão ou plástico, uma vez que não tem outra hipótese, podendo assim mover a tarântula com segurança.
Poderia também depois colocar uma tampa com pequenos buracos, para o animal poder respirar. Esta seria a forma mais segura de transportar a sua tarântula.

2º Método

Manusear uma tarântula
MANUSEAR UMA TARÂNTULA
FOTOGRAFIAS: JOÃO MOREIRA
Se realmente se sente seguro e quer pegar na sua tarântula de estimação, deve colocar a sua mão com a palma virada para cima, em frente à tarântula, e “empurrá-la” suavemente com um dedo da outra mão ou com algo que não a aleije. Este método não é indicado para tarântulas nervosas, pois a tarântula poderia desatar a correr pelo seu braço e numa situação dessas, poderiam acontecer duas coisas:
  • A pessoa que a está a pegar na tarântula poderia assustar-se e deixá-la cair, o que poderia causar a morte ao animal;
  • As patas da tarântula poderiam ficar presas na sua roupa, o que dificultaria muito retirar a tarântula de lá, e ela própria poderia aleijar-se a tentar soltar-se.
Se a tarântula for calma e ficar na sua mão, convêm colocar sempre a mão livre por debaixo da mão onde se encontra a tarântula – assim evita que esta caia se começar a andar.

3º Método

Manusear uma tarântula
MANUSEAR UMA TARÂNTULA
FOTOGRAFIAS: JOÃO MOREIRA
Este método consiste em levantar a tarântula. Deve segurar entre a segunda e terceira pata suavemente, mas ao mesmo tempo com firmeza, para evitar que caia. As tarântulas não estão habituadas a serem levantadas, assim deve-se levantar a tarântula lentamente. Nunca se deve pegar pelo abdómen das tarântulas, pois é muito frágil.
Uma manipulação eficaz e segura adquire-se com a experiência e conhecimento apropriado.
Com este pequeno capítulo não quero incentivar ninguém a pegar na sua tarântula, sobretudo se não se sentir seguro e confiante para o fazer. Pretendo apenas ensinar como se deve manusear uma tarântula. Uma tarântula nunca deve ser manuseada sem estar familiarizado com estes animais.

A muda da tarântula

Muda de tarântula
MUDA DE TARÂNTULA
FOTOGRAFIAS: JOÃO MOREIRA
O crescimento das tarântulas, até atingirem o estado adulto, dá-se por meio de sucessivas mudas.
O seu corpo é recoberto de uma cutícula mais ou menos espessa e rígida (exoesqueleto), excepto no abdómen e nas membranas articulares das patas.
Quando são muito jovens, fazem-no 4 vezes por ano, passando depois a uma periodicidade anual. A muda também é a oportunidade de fazer crescer novamente membros partidos, como pernas que estejam em falta. A cada etapa de crescimento, o animal perde a sua carapaça e produz outra.
Mudas de tarântula que demonstram as etapas de crescimento
MUDAS DE TARÂNTULA QUE DEMONSTRAM AS ETAPAS DE CRESCIMENTO
FOTOGRAFIA: JOÃO MOREIRA
Nas três semanas que precedem a muda, a tarântula torna-se mais calma e deixa de se alimentar. Quando chega o momento, ela tece teia e fica de costas, ficando imóvel durante várias horas, como se estivesse morta. Aos poucos, por intermédio de pulsações lentas, o cefalotórax e o abdómen abrem-se lateralmente. Com sucessivos impulsos um atrás do outro, liberta-se da velha “pele”, movimentando o dorso e deixando aparecer a nova carapaça e as novas patas.
Depois disso, a tarântula fica de costas durante algum tempo, descansando da fadiga da muda (momento em que a tarântula pode não sobreviver devido ao desgaste). O novo tecido que a reveste é bastante frágil e o animal fica particularmente vulnerável, até o momento em que a sua nova pele endureça o suficiente para protegê-la e preservá-la.
Depois de uma muda, o interior da carapaça abandonada e a nova casca do animal ficam molhados. É necessário, então, que a tarântula seque bem.
Para que a muda se faça nas melhores condições, o ambiente deve estar húmido e deve-se retirar todo o alimento vivo que possa interferir com o processo da muda da tarântula.
O veneno das tarântulas
Devido a muita gente questionar se as tarântulas são venenosas, decidi escrever também um capítulo dedicado a esclarecer um pouco este tema.
Veneno das tarântulas
O PRINCIPAL PERIGO DA PICADA DE TARÂNTULA É UMA REAÇÃO ALÉRGICA DA PESSOA
FOTOGRAFIA: WIKIMEDIA COMMONS
A tarântula É um animal venenoso. Se decidimos ter uma tarântula em casa, como animal de estimação, a primeira coisa que devemos ter em conta não é a toxidade do seu veneno em relação aos seres humanos, mas sim uma possível reacção alérgica a esse mesmo veneno (tal como acontece, de resto, com as picadas de abelha).
Existe uma pequena “regra” que em geral nos ajuda a perceber o grau de toxidade do veneno de cada tarântula, mas que como toda a regra, tem excepções:
  • Espécies americanas = Tarântulas “inofensivas”;
  • Espécies africanas e asiáticas = Tarântulas “perigosas”.
Quer isto dizer que, se a tarântula é africana ou asiática, deve ter mais preocupações do que com uma tarântula americana. Isto não significa que as espécies americanas sejam totalmente inofensivas. Temos casos como por exemplo Phormictopus cancerides e Ephebopus murinus que são tarântulas que possuem um veneno perigoso em relação a outras do mesmo continente, como as Grammostola spp. ou asBrachypelma spp..
Quando se é mordido por uma tarântula com um veneno de grande toxidade, os efeitos podem durar semanas, provocando vómitos, espasmos musculares, febre, diarreias e um inchaço no local da mordedura. Se tal acontecer, o mais aconselhável é dirigir-se rapidamente ao médico, para evitar maiores problemas.